domingo, 29 de setembro de 2013

UMA PROPOSTA A CERCA DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL


Por: Thasley Westanyslau Alves Pereira  

  A diminuição das distâncias, a facilidade em se estabelecer contato entre regiões longínquas uma das outras, a quase impossibilidade de haver uma comunidade isolada do restante do mundo são elementos constitutivos do que se chama por globalização. As contradições inerentes ao processo de globalização tem afetado a noção de identidade em seu sentido particular. Tal fenômeno decorre do fato de que o processo globalizante, promove a uniformização de valores, atitudes e estilos de vida. Essa evidente homogeneização cultural coloca em risco a identidade local, regional e nacional, ao passo que propõe uma cultura mundial.  Tal fenômeno, atinge as diversas esferas da experiência humana dentro da historicidade. Economia, educação, política e principalmente a esfera cultural é atingida por esse processo. A globalização e o seu vínculo a essas esferas tem efeito direto e coloca em risco o vínculo de um indivíduo com um território especifico, sendo esse um vínculo dentro de uma relação dialógica. Um vínculo que estabelece um identidade, tanto ao território, quanto para o próprio indivíduo. Uma identidade particular, única e singular. 


A interferência da globalização na esfera cultural como potência destruidora presente no neoliberalismo, cada vez mais globalizado, manifestando-se gravemente pela tentativa de padronização do mundo, conduzindo ao pensamento único, a uniformização de valores, atitudes, comportamentos, estilos de vida. Tal homogeneização cultural, põe em risco a identidade e o simbolismo do patrimônio cultural local, regional e ainda nacional, sobrepondo-lhes ou mesmo misturando-lhes, concepções culturais exógenas ditas mundiais. Segundo Ianni, (1992) essa tendência a homogeneização e padronização, conduz ao desenraizamento dos agentes e da mentalidade, pondo em risco a identidade e o simbolismo do patrimônio cultural e histórico a nível local. Sendo assim, os estudos históricos que seguem metodologias e arcabouços teóricos que enfatizam o local, possuem a qualidade em combater o processo de desenraizamento inerente a globalização. No entanto, esses estudos não são/serão significativos caso não haja a disseminação dos seus resultados alcançados. A educação patrimonial, nesse sentido, possui importância ímpar nessa função. É esse tipo de educação, embasada tanto nos objetos da disciplina histórica, bem como nas demais áreas do conhecimento que se dedicam ao estudo das variadas faces do patrimônio, possui a qualidade diferenciada em construir o sentimento de pertencimento através da constituição de uma identidade que perpassa o privado e o público. 
Tudo é história, tudo é patrimônio, desde que possua significância para quem quer que seja. Assim, a educação patrimonial não necessariamente precisa partir de um levantamento das particularidades de uma dado local, sejam manifestações culturais de esfera material e imaterial ou ainda patrimônio paisagístico. A introdução da educação patrimonial, tendo como objetivo a construção da identidade do indivíduo e a sua relação com o local, deve partir do universo particular, dos locais de memória que cada aluno possui. A problematização a partir do que é próximo do público alvo, facilita o entendimento e possui um caráter introdutório. Como método de ensino, possui viabilidade na medida em que os locais de memória individuais de cada aluno possui fácil acesso. Isso abre uma extensa lista de possibilidades de trabalho. Fotografias particulares, narrativas de familiares, histórias de vidas, objetos que trazem memória, experiências particulares, todo e qualquer relato, objeto que possua significado pode ser considerado patrimônio, um tipo diferenciado e que tomamos como patrimônio particular. Tal modalidade de patrimônio remete a um passado que possuiu um significado na historicidade individual do seu possuidor, portanto, é uma categoria importante na constituição de uma identidade pessoal, familiar e em seu último aspecto, comunitária.
  

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